quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O Piano

O Piano
 
O Maestro criava para a morte do prefeito,
para a morte da irmã do pai,
para a inauguração da igreja,
para a sua demolição.
 
Ele não acreditava em Deus,
mas acreditava nas pessoas para quem criava
e tocava na igreja por que gostava do Padre.
 
Criava com todo o amor para todos,
menos para si mesmo
que só conseguia criar o piano.
 
Talvez porque para as outras pessoas o fizeram feliz
o violino soava como um riso,
o violoncelo como uma conversa
baixa,
um segredo.
 
Mas ele era feliz consigo mesmo,
acordava,
dormia
e nesse meio tempo
fazia o que gostava.
 
Ahh, esse deveria se chamar A Dúvida do Maestro,
mas eu também não sei como chamá-lo.
 
Talvez o próximo maestro também tenha dificuldades em criar para si mesmo.
 
Ele queria algo triste
para fazer as pessoas chorarem mesmo,
mas só encontrava sua falecida mulher,
seus tão crescidos filhos que agora só o encontram na missa,
o padre que o casou
e seu piano que usava para encontrar as notas para outros instrumentos
como inspiração.

Talvez ele não conseguira criar,
porque apenas o piano se deixou tocar pelo que o Maestro criou
depois que ele também se foi.

( Bob Jester )

O Pensamento Antes do Sono

O Pensamento Antes do Sono
 
É sarcástico rir de si mesmo
vendo uma coisa que nunca te pertenceu lhe despertar ciúmes
como se te fosse.
 
Não era uma pessoa,
nem objeto
era sentimento.
 
Cadê minha sanidade?
Eu que sempre vi o copo esvaziando
carreguei durante tanto tempo as coisas no coração
como se me pertencessem.
 
Quando ela se for
levará consigo minha esperança,
meus passos a perseguindo
e minhas lágrimas.
 
Mas eu nunca fui muito inteligente,
é comum dos burros continuar amando alguém
que nunca o quis.
 
Encontrar na mesma cama
a imaginação do amor ali deitado
sabendo que ele se deita na cama de outrém.

( Bob Jester )

Alguém Em Algum Lugar

Alguém Em Algum Lugar
 
Ele está batendo na porta da frente,
e ela corre para a dos fundos
rindo.
 
"Vá para o baile logo!" grita a mãe dela,
e saem de mãos dadas como crianças que são.
 
No carro contam histórias que jamais existiram
e planejam novas histórias
juntos.
 
Toca-se uma música romantica,
e eles se beijam.
 
Alguém em algum lugar
fica triste por isso.
 
( Bob Jester )

Hoje Seria Apenas Um Dia Como Todos Os Outros

Hoje Seria Apenas Um Dia Como Todos Os Outros

Hoje seria apenas um dia como todos os outros
Bem, era o que todos pensavam.
Mas o bravo garoto decidiu ir em frente
e entrar naquela velha floresta,
onde a maioria cautelosamente mantinha certa distância
ou fingia não saber nada sobre ela.

Certos lugares, diziam, não deveriam ser conhecidos.

Mas isso não intimidaria nosso destemido garoto
Ele sabia que precisava entrar
e ir bem fundo,
onde ninguém jamais esteve.

Sabia que essa era a oportunidade.
Algo que sempre esperou.
Finalmente acharia um lugar
que poderia chamar de seu
e seria somente seu.

Um mundo novo.
Um reino encantado.
Um lugar onde velhos fantasmas
não poderiam encontrá-lo.

Ele fechou bem os olhos
e deu um passo decidido para frente.
A coragem brotava misteriosamente
O velho mundo já ficara pra trás.
Seu coração batia com certa emoção.

Um passo atrás do outro
Um caminho longo
e tortuoso
Oh, haviam tantas pedras,
mas seu desejo era verdadeiro,
tão verdadeiro que quase chegava a brilhar.

Sentia uma estranha sensação de alívio
que jamais conhecera antes.

Nenhuma marca fora deixada pra trás
Nem mesmo as marcas que estava cansado de carregar
Acho que no fundo ele não pretendia voltar.

Há tanto ouvia aquela floresta chamar
Ele não poderia estar errado,
aquele era seu lugar
e para lá deveria voltar.

Nunca se soube ao certo...
Afinal, o que havia acontecido ao destemido garoto?
Finalmente encontrara seu lugar?
Dançava entre as folhas ou sob a luz do luar?
Ou repousava no abraço que há tanto procurava?

Se aquele era seu reino
foi selado como um segredo bem guardado
Restando apenas uma pequena e frágil lembrança.

A quem interessar, a floresta ainda está lá
Mas... pensando bem,
quem se importa?

( Felipe Marchitiello )

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O Gato Contenta

O Gato Contenta
 
O gatinho tão bonito,
joga o rato pro alto.
 
O gato tão fofo
não precisa caçar
porque sabe que tem ração no prato.
 
Escolhe quando come,
e não come o rato
para ter com o quê brincar.
 
Para com seu dono...
só basta o divertir mesmo
porque o rato que se pode matar
vira brinquedo pro gato se imaginar
matando o dono que
ele não pode lutar.
 
( Bob Jester )

Escolhe uma carta

Escolhe uma carta

Meu caro, teu futuro não é palpável
não posso sequer vê-lo,
mas escolhe uma carta.

Joga na mesa
as lágrimas que tens na manga
e não deixes que meu herói parta com elas.

Esquece tuas garras
mas não esqueças que és rei
de uma selva que não pode ser reinada por gatos domésticos.

Escolhe uma carta.

E não deixes que massacrem teu coração valente
que permitiu ser massacrado.
Corre pra tua selva, tua pedra lá ainda está.
Mata teus antílopes e alimenta teu filhote
que tanto sofre por ver-te derrotado
por uma presa que conseguiu escapar.

Escolhe uma carta.

(Lais Jéssica)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Ladrões de Sonhos

Ladrões de Sonhos
 
Ser um Ladrão de Sonhos
é realizar algo que outro sempre o desejou,
é sorrir no lugar de outra pessoa,
é ser feliz com algo
que outro alguém sempre carregou no coração.
 
Roubar um sonho
é ter o seu roubado,
é deixar de rir com o que tem,
pra sonhar de novo o que agora
pertence à outro ladrão.
 
Porque se abre a porta da frente,
e iremos querer a dos fundos.
 
Ao ganhar um bolo,
sempre estaremos de olho em mais um pedaço.
 
Porque não temos gratidão,
temos os sonhos dos outros em nós,
e ainda queremos o nosso.
 
( Bob Jester )

Obra Prima

Obra Prima

Um cientista que cria uma obra prima, tão singular, e a guarda pra si, certamente é maluco.
Não quer aplausos. Não quer troféus. Não deseja olhares admirados.
Ao ver que o que criou foi bom, não quis compartilhar...guardou-a numa caixa até enferrujar.
 
(Lais Jéssica)

As Palavras

As Palavras
 
As palavras são tão escovadas.
 
Palavra sobre palavra,
soa como pedra sobre pedra,
mas as pedras constróem...
 
Eas palavras
o que fazem?
 
Palavras tem dom,
tristeza,
pesar.
 
Atropelam como o mar,
gritam como a sirene alta,
refrescam como a brisa.
 
Gostam,
encaram,
destróem,
nos aproxima.
 
Apaixonam.
 
Mas palavras,
oh palavras!
 
Que não sejam desferidas ao léu,
jogadas como bombas aos céus,
jogadas no lixo depois de mal escritas.
 
As palavras se tornam obra,
obra como a que o passarinho faz
depois de carcarar
nos olhos das pessoas erradas.
 
Palavras,
oh palavras,
às vezes vocês são do momento,
às vezes o momento se faz de vocês.
 
( Bob Jester )

Amor e Confiança

Amor e Confiança

E a felicidade que todos sonham
Enfim esta aqui, nesse momento
Completa, alegre e voluptosa
Só não me ensinaram como viver
Nesse estado de amor e confiança,
Onde o que passou não vale a pena remoer
A estrada é limpa e fresca, nunca tortuosa
E a raiva virou apenas um sentimento
Uma birra de criança, sem fundamento, perante aos que todos anseiam!


( Camila Gouvêa )

Incógnitas

Incógnitas

Várias
Incógnitas
Vorazes,
Estranhas e
Repentinamente....vida


 
(Lais Jéssica)

O Amor e A Dor

O Amor e A Dor
 
O amor nasce da dor,
a dor nasce do amor.
Quando sentimos qualquer um deles,
acreditamos que o outro jamais retornará.

Queremos ter da nossa fé uma recompensa.

Quando um ataca,
queremos ser vítimas do outro.
Mesmo sem saber,
mesmo sem aceitar.

Porque um é aliado ao outro,
e ambos nascem de um mesmo motivo.


( Bob Jester )

Menino

Menino

É só um menino
que nunca pode sair para brincar
Via a felicidade dos outros
pela grande janela azul do quarto

É só um menino
Que com as palavras se colocava a sonhar
Com ruas encantadas e morte de seus monstros
Que os seguiam e os deixavam farto

É só um menino
Que aprendeu sozinho e solitário
A se defender com estrofes e sonetos

É só um menino
Que se sente um verdadeiro otário
Quando conta seus segredos


( Mila Knox )

A Porta

A Porta
 
Era a porta da casa aqui da rua,
nela entrou um casal uma vez,
o homem carregando a moça feliz
que nem nos filmes sabe?
 
Era a porta da casa aqui da rua,
que trepidou e acordou o homem na madrugada,
fazendo ele ver sua filha aos amassos com o namorado.
 
Era a porta da casa aqui da rua,
que quando o namorado da filha pediu pra se casar com ela
abriu feito a bala que sai da arma,
vendo o rapaz correr gritando,
apavorado e apaixonado.
 
Era a porta da casa aqui da rua,
que não abriu quando voi o ladrão.
 
Era sempre a porta da casa aqui da rua,
que só abria
para quem tinha a chave,
que ficava guardada
no coração.

( Bob Jester )

A Tua Paz

A Tua Paz

Não é um comprimido de maracujá que tornará seus dias mais tranquilos. Não é o cigarro que você fuma escondido. Não é o vinho que bebe ferozmente. Nem mesmo tuas atitudes. Tranquilidade...é apenas um estado fugaz. Carpe diem, apenas , e esquece tua paz.

(Lais Jéssica)

A Fruta Podre

A Fruta Podre
 
Ela que contamina todas as outras,
que acaba com a beleza de toda a fruteira,
é jogada no lixo o mais rápido possível.
 
Porque a podridão se transefere fácil,
e todas não podem ficar podres por influência de uma apenas.
 
Na fruteira todas são,
mas só ela mostra que realmente mostra que é podre.
 
Mas você joga justamente ela fora,
porque confia justamente nas que ainda não apodreceram,
acreditando que não são elas que te fazem passar mal.
 
( Bob Jester )

Miss Chaos


Miss Chaos

Eu me escondi por todos esses dias
Em busca de abrigo e sanidade
Dentro de minha própria mente

Sarando minhas feridas
E tendo a tão sonhada felicidade
Que quando se foi me deixou doente

E quando estava confortável
Sentada em uma poltrona aconchegante
Ela simplesmente bate a porta

De uma forma aterrorizante, nada amável
Com sua bagagem suja e sufocante
Fazendo com que eu desejasse estar morta

A donzela do medo sempre me acha
Não importa onde eu esteja
Cedo ou tarde ela bate à porta
Cedo ou tarde ela chega...

(Mila Knox)

Aceitar

Aceitar
 
Existem as horas em que somente aceitar é o certo,
podemos pensar em milhares de coisas para se fazer perante uma situação,
mas aceitar
se torna nossa maior dádiva.
 
Porque não poderemos lutar contra todas as pessoas que não nos querem bem,
não poderemos agradar à todos que não nos gostam,
não poderemos viver perseguindo uma pessoa que nos prefere longe.
 
Às vezes é melhor aceitar.
 
Porque se nós queremos nosso bem,
agradamos na medida do possível
e podemos ser felizes longe de uma pessoa que não nos quer mais ver.
 
Nós podemos aceitar
que também queremos os outros longe,
e que são poucos que nos agradam.

( Bob Jester )

Anagramas

Anagramas



Anagrama à metamorfose da Donzela Vingativa


-Cá, vassala...nnnnn...fim, isca. Ri!
"V" pecador!


(Lais Jéssica)



 
Anagrama à donzela de esperanças perdidas

-Caí...fracassar-ei na vida vil.


(Lais Jéssica)



 
Anagrama a um Rei patriarcal


Amo. Desde indeciso, peco ☨


(Lais Jéssica)



 
Anagrama das duas moças interiores em batalha


Já límpidas:
-Cesse,caos!


(Lais Jéssica)



Anagrama de um lar britânico


Ruas e ti, Ó! Londrino!


(Lais Jéssica)

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Ao Lobo Com Carinho

AO LOBO COM CARINHO


Um lobo que esqueceu de atacar há muito tempo

entre galhos e arbustos procura o seu lugar.


Até que encontra cordeiros recém criados do mundo dispostos à aprender

ensiná-los , ou os comer?
Aprender
Cordeiros perdidos, que não se iludiram com a "realidade"

E juntos, insaciavéis, desejam caçar

em meio à floresta densa,

encontraram alguns livros e liras indefesos

e se surpreeeram ao ver as páginas os atacar.


Vorazes e incansáveis as palavras absorviam

Fascinados com toda sabedoria de tal ser

rastejaram, murmuraram de dor,

sem terem levado um golpe.


Ao se depararem com tamanho horror da humanidade

O lobo os acorda, os desperta

Com suas palavras de sábio poeta

os manda correr.


Com tanta loucura e mentira escrita nos livros

o lobo quis ensinar por si só a vida

não valia mais a inteligência

mas agora a sabedoria

era disso que os cordeiros precisavam.


Os sentimentos oprimidos e aprisionados

Precisavam de libertação, e um pouco de alegria

O Lobo os libertou através das palavras

Puras, únicas e impensadas que os entresteciam

eram desconhecidas

coisa que só lobo entendia


De predador o lobo não tinha nada

Fez dos pequenos verbos e versos escadas

Pra consolar os pequenos cordeiros,

e transforma-los em apaixonados.


Os fez esquecer do que era o amor dos homens,

os ensinou o amor verdadeiro

o instinto, a ferocidade, a pureza dos estrofes...


E quando mais se interessaram pelo ensino

o lobo os abandonou,

para aprenderem o resto sozinhos.


Pois confiou na maturidade dos pequenos

Mas costuma sempre os acompanhar ao longe

como o pai que não os criou

mas os ensinou

como crescerem sozinhos.


E em resposta os pequenos

Escrevem esse singelo poema

Para aquele que os guiou

De modo incondicional


à ensinarem outros pequenos cordeiros

a nao se conformarem com essa realidade imposta

a criarem sua própria realidade

e assim seguirem em frente, fortes.


Escrevendo seus próprios passos,

Trilhando seus caminhos paralelamente,

mesmo assim distantes,


Mas unidos por algo que nem eles sabiam,

algo que os tornavam especiais,

e comuns a todos.


Era a vontade de aprender,

enquanto ensinavam.


( Bob Jester & Mila Knox )