quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A Poesia dos Sentidos

A Poesia dos Sentidos
 
Onde outrora fluíam as águas de teu rosto
Para as minhas hélices aflora o teu áspero aspecto,
E os mortos entreabrem os olhos;
Onde outrora os tritões, através do teu gelo,
Erguem os cabelos, o árido vento navega
Através do sal, das raízes e das ovas de peixe.
 
Onde outrora os teus verdes nós submergiram as emendas
Na cordoalha trazida pelas marés, eis que chega
O verde ceifeiro,
Com suas tesouras azeitadas e suas negligentes lâminas suspensas
Para cortar os braços de mar em sua origem
E esparramar os úmidos frutos pelo chão.
 
Invisíveis, tuas marés rumorosas
Irrompem nos leitos nupciais das algas;
Do amor perderam as algas sua frescura;
Ali, ao redor de tuas pedras, flutuam
As sombras das crianças que, do fundo dos seus abismos,
Gritam à beira de um mar de golfinhos.
 
Frias como um túmulo, tuas pálpebras coloridas
Jamais se fecharão enquanto a magia deslizar
Sabiamente sobre a Terra e o céu;
Surgirão corais em teu leito,
E serpentes nascerão de tuas marés,
Até que morram todas as crenças no mar.

( Bob Jester )

Nenhum comentário: